Refém
Essa roupa que eu não lavo a tempo
Esta vida que não levo ao vento
Que me faz refém desses momentos
Que traz lembranças do que eu não sou
Pedaços despedaçados de projetos toscos
Traços de uma felicidade
Espaços vagos de saudade
Velhas novas reincidências como recompensas
Prêmios de consolação
Como peças reencenadas à exaustão
Como é caso de não se saber
Esses sentimentos sem quê nem por quê
Compromissos e obrigações
Vendavais de abominações
Trechos de causas perdidas meio que recém-contraídas
Verdes, verdejantes sonhos
Só se tem na vida, só...
E não tem conversa que trate num verso sequer
Tudo que se vive e se perde
Tudo que se vive
Tudo que emerge das entranhas