A ALEGRIA E A DOR DO INVERNO

Me leve, me leve, vento frio do inverno!

Me leve para aquela criança

Que não sabia o que era o frio...

Me leve para aquela sensação da infância,

Quando senti o gosto bom de ter um casaco

sobre os ombros.

Quando via mendigos se encolhendo de frio,

E, quando me disseram que, de frio,

Também se morre.

( Por causa do egoísmo humano ),

E então... a infância em mim, chorou.

Me leve, me leve, vento frio de saudade,

Àquele tempo sereno

Em que, pisar nas poças de chuva,

Era toda a minha alegria...

Onde rir com um cachorrinho friorento,

Pulando de faceiro ao meu redor,

Era a suprema felicidade!

Me leve, vento de inverno,

Àquela criança serena,

Que espiava pelos vidros da janela

O vaivém de guarda-chuvas,

A correnteza da água que se formava

Nas valetas da rua,

E os pingos, ora fortes, ora suaves,

Que batiam e retiniam no vidro,

Deixando-o fosco e embaçado.

Me leve, vento amoroso,

À primeira sensação

De comer pipoca com chá quentinho,

Junto aos irmãos queridos.

Me leve para aquele cheirinho de pés-de-moleque

Degustados ao redor do fogão a lenha,

Rústico e aconchegante,

Como colo de mãe.

Me leve, ó vento de todos os invernos

- principalmente -

ao desaconchego do frio

que mata pessoas de Deus,

que não sabem do carinho das roupas quentes,

dos sorrisos alegres dos amores

que a vida ofereceu,

e da longa espera por um novo dia de sol.

Me leve, inverno da vida,

Até as crianças que nunca tiveram

Infância,

Para que eu nunca esqueça de agradecer

Pelo Amor que a vida me trouxe,

E para aliviar o frio

que o desamor humano

provoca

em seus

corações

inocentes.

Saleti Hartmann

Professora e Poeta

Cândido Godói-RS

SALETI HARTMANN
Enviado por SALETI HARTMANN em 15/07/2015
Código do texto: T5312413
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