O Cansaço de Ísis
O Cansaço de Ísis
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> Sacia-se de desejo em meu corpo
> E deleita tua vontade em minha boca
> Que, entreaberta espera o ósculo teu
> A selar a juventude de almas que aguardam
> E resguardam-se no medo da entrega.
> Calo-me, como quem conscente
> E aceita a sentença como quem aguarda a morte.
> E guarda no vazio da esperança
> A voz que cessa e a boca fadigada.
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> Sonho, como quem se ilude com a realidade
> E ainda crê na verdade das promessas
> No vício em repetir a história, sempre
> E engasgar-me no veneno de tuas palavras.
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> Rogo, com forças escassas e joelhos cansados
> Insisto no lastimar de minha fraqueza
> E na franqueza de um coração fátuo e só.
> Choro, como se as lágrimas pudessem me assiar
> Da desonra de um vil desejo subentendido
> Entre olhares cruzados e mãos mascadas.
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> Desisto, como quem teme o futuro
> Como quem não entende o abandono
> E explicita-se na música ouvida
> Deslumbrante veste delineada a ouro
> Em concordância com o maltrapilho
> Assim me sinto d’ante tua fraqueza
> Destemida e doravante.
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9/09/06