Ocaso

Ocaso

Meus entes queridos estão partindo

e eu queria ir com eles.

Sei que não posso. Tenho que seguir o sol

em busca do meu próprio ocaso.

Mas quem irá substitui-los?

Onde encontrar ombros amigos?

Com quem compartilhar as lágrimas

que ainda insistem em brotar

dos meus olhos cansados?

Um vento de saudade me acompanha

por caminhos de pedras,

enquanto contemplo a imensidão poente.

Há um outono a me consumir.

Quem sabe serei alimentado

pela lembrança dos seus braços estendidos

nas sombrias noites e cinzentos dias?

O rio não retorna suas águas,

o tempo se despede a cada

fugaz passagem

e os pensamentos se dispersam

na vastidão vazia.

Como um ser crepuscular,

sem retornos nesses caminhos de sonhos,

renovo-me na esperança do ocaso à minha espera,

onde os amigos me aguardam

para a jornada da verdadeira vida.

Aí, então, serei somente risos.