Ainda não sei
Contar até vinte
Não adiantou nada
Foram meia hora de não sei
Com um mundo dentro da garganta
Violei todos os passos
De uma vida plena
Sobram poucas ajudas,
E recursos também
A vida passa e a gente
Não tem nada há dizer
Do que foi bom ou ruim
Do que ainda vai perder
Sons entoados no canto escuro
Tudo que vai valer
Olhos cruzados no espelho
E uma raiva na mão
Contornei os casos
Pensando nas soluções
Elas ficaram pra trás
Junto com toda solidão
Vinte e sete
E nada foi muito aprendido até aí
O estômago continua com soco
E falta de ar nos pulmões
Nada de oração
Nada de conversar com Deus
Ainda não sei de onde parti
Pra onde vou chegar
Um passo pra morte
Outro pra vida
São tantas vidas,
Das quais devo me arrepender
O mundo gira,
O amor vira pó
Tudo pra quem não sabe como é,
Nem faz questão de aprender
O sentido é frio
Os gostos também
Ficar só é uma maneira
De aprender
Sabendo que pessoas são estranhas
Junto com você também
Não há formas de fim pro próprio desespero criado,
Há não ser que queria
Assim vou indo
Com fome de não sei o quê
Os anos passam
E quem sabe ainda posso aprender.