POEMA DAS HORAS
As horas passam tão serenamente...
O riacho murmura uma canção antiga.
Meu ser absorve cansado, impotente,
as notas serenas da ilusão amiga.
Horas de viagens! Céus desconhecidos!
Cercou-me o passado e o distante presente.
No vale das rosas dos amores vividos
uma flor morreu triste, abandonadamente...
Horas derradeiras do meu viço campestre!
A brisa do tempo amenizou meu pranto.
O saudoso perfume da flor mais silvestre
perfumou o silêncio na voz do meu canto.
Passaram-se as horas...
Não mais meu canto,
não mais serenidade...
Não mais amores,
não mais, não mais saudade.
Não mais os vales
nem rosas multicores.
Nem mais as flores
no frio da realidade.
O tempo passou abandonadamente
no riacho da vida...
SGV (verão de 1995)
(...a todas as rosas que um dia conheci;
a todas as flores que nasceram em meu
jardim...e que já morreram junto com as
horas que passaram)