Solidão
Segue...
Não pare aqui nesta morada
Onde as manhãs são tristes
E as águas são poucas...
Segue...
Não pare junto a esse bosque
Onde as árvores choram
A nostalgia do outono...
Segue...
Não busque acalanto
No meu rancho
Pois aqui a solidão ocupa espaço
E tem ciúmes...
Segue...
Não plante mais
A esperança em meu jardim
Onde uma flor murchou
Nos dias que passaram...
Segue...
Não queira ser o unguento
Para o ferimento
Que causaste.
A dor aumentaria
Com a tua partida.
Ouça!...
Ouça o murmúrio leve
Das águas de um córrego
Que corre na baixada.
Perto daqui...
Vá!...
Siga sua margens
E encontrarás flores solitárias
Que a primavera esqueceu.
Enfeite com elas
O caminho de teus desvarios
E segue teu destino...
E deixe-me aqui
No meu rancho
Namorando a minha solidão...
SGV (01/07/94)