Poema da volta
Nas montanhas deitadas de verde,
fiz minha prece e meu jeito.
fiz do rio meu caule e meu jangar,
e do calor que queima o sol,
fiz um poema de vento.
Nasci onde o chão se reparte,
onde os igarapés entoam beija-flores.
Fui caboclo, fui índio, fui ribeiro,
fui ao rente do mar que fez-se rio
ao ciúme das janelas
que só podem beber do seu ventar.
Fui de carona aos guarás,
ao céu que esvoaça e desagua o pôr-do-sol.
Fui às tardes morenas,
às peles morenas.
Hoje,
às tuas saudades,
sou o ontem que a maré devolve no amanhã
e embaraça o vento nas garés dos meus cabelos;
e às vezes tão sinto,
que voo.