POEMA DA ESQUINA - PARTE III

Nuvens baixas ou neblinas

Sol, chuva, ventos e tempestades

Os pés se encaixam nas pedras

Espalhadas pelas ruas

Que dobram esquinas e abrem horizonte

Até à escola

Casa segunda, lugar de amigos

E outros contemplares

E lugares diferentes

Distante de nosso mundo pequeno

Na esquina.

Os olhos se cobrem de brilho

Casas e igrejas caminham

Passam rápido à frente do olhar

Logo chega o lugar longe

Imaginado e sonhado por anos

Alto lugar, vista grande, beleza incomparável

Meu mundo cresceu e se alongou

Idas poucas e horizonte perdido

Na esquina.

Nas ruas silentes as casas falam

Nas suas imutáveis permanências

Cenário de sempre, vigilantes

Que cheiros exalam das cozinhas

E embalam cantigas religiosas

E acompanham sorrisos de acolhimento

E gentileza em cada janela

Em cada minuto de prosa

Simplicidades cordiais

Tão esquecidas

E que ainda resistem

Na esquina.

Chegadas e despedidas

Idades grandes e poucas

Povoam as casas vigilantes

E deixaram rastros nas ruas

E guardados estão segredos silentes

De gentes que aqui passaram

E deixaram suas lembranças

E se foram um dia

Como é de todos, destino

Deixando tristes olhares

Na esquina.

Nuvens e azuis se entrelaçam

Junto à chegadas e expectativas

Olhares se cruzam

E produzem sorrisos

Obrigados e alívios

Coisas de vida miúda

De cidade pequena

De gente grande

Que ainda contempla um rosto

E sabe ler a face do outro

De expectativas e de sonhos além da vista

Na esquina.

A vida passa e os lugares permanecem

Modificam-se ou modificamos

E as lembranças vão e vem

E o tempo se esvai de todo

Restam lembranças

E histórias que existem

E que se repetem

E que não se cansam

E que se recriam ou se transformam

Na esquina.

LUCAS FERREIRA MG
Enviado por LUCAS FERREIRA MG em 18/03/2015
Reeditado em 20/03/2015
Código do texto: T5174822
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