O Teu Riso

Tira-me o pão,

se quiseres,

tira-me o ar,

mas não me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,

a lança que desfolhas,

a água que de súbito brota da tua alegria,

a repentina onda de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso com os olhos cansados

às vezes por ver que a terra não muda,

mas ao entrar teu riso sobe ao céu a procurar-me

e abre-me todas as portas da vida.

Meu amor,

nos momentos mais escuros solta o teu riso

e se de súbito vires que o meu sangue manchas pedras da rua,

ri,

porque o teu riso será para as minhas mãos

como uma espada fresca.

À beira do mar,

no outono,

teu riso deve erguer sua cascata de espuma,

e na primavera ,

amor,

quero teu riso como a flor

que esperava,

a flor azul,

a rosada minha pátria sonora.

Ri-te da noite,

do dia,

da lua,

ri-te das ruas tortas da ilha,

ri-te deste grosseiro rapaz que te ama,

mas quando abro

os olhos e os fecho,

quando meus passos vão,

quando voltam meus passos,

nega-me o pão,

o ar,

a luz,

a primavera,

mas nunca o teu riso,

porque então morreria.

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Maria Emilia Carregal e Solange Vilacova gostam disto.

Milay Vilacova

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Milay Vilacova

Cozineira; na empresa Abadia Pau Restaurante

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Enviado por Milay em 09/03/2015
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