Olhar o nada
Estou cansado de procurar sentido nesse quadro branco
Via extração de explicações
De justificativas... De apoio...
Porém, esse companheiro exige muito,
tipo assim...
Acho que aprendeu com psicoterapeutas a ficar aí
Calado olhando pra mim
Eu que me desdobre em argumentos
Que me afunde em momentos
Que me desmanche em tormentos
Que me desfaça em lágrimas por dentro
Para que algumas letras rompam a inércia
Moldem palavras e ainda que desconexas
façam algum contraste nesse quadrilátero luminescente
Tento ardentemente recordar a voracidade de outras oportunidades
As formas como de outros torpores eu despertava
Mas tal como num pesadelo
Sinto-me preso ao chão no qual disparo
Numa voluntariedade indesejada
Num retorno ao ponto nada
Escrevendo em círculos esse epílogo ridículo