POEMA DA ESQUINA - PARTE I

Esse poema é parte do romance A CASA DA ESQUINA, cujo cenário é a cidade de Dores do Indaiá.

Saudade de ser criança

Nos sertões gerais das chuvas grandes

E das preces de mães e avós

Pelo fim das tempestades.

Tantas que atacam dos ares

Em tempos que outras também de terras chegavam.

Enquanto lá fora raios e trovões

Violências e opressões

As crianças tem seu mundo de fantasia

De alegria, de sonhos e despreocupações

Na esquina.

As pedras, tão velhas como histórias dos antigos

Já receberam águas e granizos

E pisados fortes dos meninos

No pega pega e no futebol de rua.

Sol e chuva tão fortes nestes sertões

Iluminando brincadeiras inocentes

E discussões infantis que terminavam em birras

Que logo também terminavam

Quando a bola rolava solta

Na esquina.

Madrugadas silenciosamente infantis

Mulheres antecipavam o alvorecer

E luzes se acendiam nos fogões

Num sossego profundo

Para que os homens descansassem um pouco mais

As crianças ainda sonhavam

Esperando o dia chegar, tomar café fresco

Correr sem pretensão alguma

Cadernos e lápis nas mãos, barulho inocente

Na esquina.

Tardezinha chega e a rua se povoa

Pessoas que contam casos

Pessoas que escutam casos

Gente que vai à venda e volta contando passos

Sossegado e sem pressa.

Gente que mora ao lado

Que a gente nunca sabe nada

Cheia de mistérios, olhares, estranhos.

Na infância passou todo tipo de gente

Na esquina.

LUCAS FERREIRA MG
Enviado por LUCAS FERREIRA MG em 11/02/2015
Código do texto: T5134127
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