Aos amigos que partiram
Aos amigos que partiram
Em vão ordeno ao sol
que detenha sua caminhada
e a lua que não se permita
brincar de se esconder,
enquanto navega em seu curso.
Haverá sempre tardes quentes e frias,
sonolentas e melancólicas,
a desafiar os desavisados.
Quem me dera pudesse
dizer ao dia que se alongasse
e a noite que permanecesse em silêncio.
A chama da uma vela se apagará,
consumida pelo tempo
e pelos ventos rasteiros.
Soleiras serão ultrapassadas
em passos nem sempre
desejáveis.
Construções se desvanecem
na arquitetura dos sentidos
e no vibrato das águas.
Quando em mim aceitarei
que os amigos partam
nas assas do vento?
Quando entender que eles não se foram.
Suas faces ficaram refletidas na memória.
Lembranças permanentes,
marcas inapagáveis,
escritos que permanecem.