ESBOÇOS COMPLEXOS DE UM GIRASSOL
Trouxeram-me uma torta de limão.
Um pedaço.
Pedaço torto.
De uma torta redonda.
Parece esboço do meu corpo na cama.
Torto ao lado de um girassol.
Remexido .
Revirado .
Mas o cheiro.
O gosto.
Mesmo que torto.
Ainda é limão.
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Vou ver meu girassol triste.
Mostrar pra ele meu sorriso maltratado.
Mas onde a paz ainda existe.
Mesmo com o corpo revirado .
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Aquele girassol veio de longe.
De um jardim chamado saudade.
Dos cinco girassois que encontrei.
Só este viu a liberdade.
Os outros quatro,
Desceram ao chão.
Foram conhecer outro mundo.
Que nós chamamos de eternidade.
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Talvez por isso esteja triste.
Meu girassol ficou sozinho.
Os outros no jardim da saudade...
Ouvem cantar o passarinho.
Um quero-quero que bem quisto ...
Pôs tantas almas em seu ninho.
E eu aqui ainda existo.
Aprendendo meu caminho.
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No silêncio da manhã
Os pingos de chuva
Completam o vazio.
No corredor escuro e esguio;
Apenas meus passos.
Na cozinha o relógio conta o sofrer do dia,
Conta as horas que passo na melancolia.
E eu ouço;
Apenas meus passos.
Faço de um girassol
meu arauto perfeito.
Das lembranças que inundam
Meus sonhos,
Meu leito.
Já não ouço apenas meus passos.
E a chuva à janela
Que abranda o martírio.
Puros pingos de chuva
Que me tiram do exílio ,
Me fazendo buscar os teus passos.
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Não teve jeito meu girassol me deixou.
Disse é preciso seguir sozinha...
Romper barreiras
Feito a andorinha
Que na saudade se abrigou.
E o quero-quero...
Que da ilusão.
De acolher almas
La no seu ninho
Também sozinho.
Triste chorou.
Mas foi tecendo
Feito a andorinha
Na grama seca...
Que se definha ...
Toda esperança que o sol criou.
E o girassol acompanhou
Na curta vida
De um raiar que eternizou .
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Pois eu sou a mais perfeita poesia.
Na doce nostalgia do momento.
E o que poderia ser além de um sentimento,
Quando choro de tristeza ou de alegria?
Se eu fosse o amanhecer do dia,
Se eu pudesse te tocar em meu alento.
E fazer de teus temores firmamento.
Do desespero uma triste fantasia.
E das canções eu comporia a melodia.
E o choro calaria em um sorriso.
E da angústia do mundo o que seria?
Seria eu um apego da magia.
Nas vibrações de cada pranto a euforia.
Mas pra sentir cada detalhe eu seria,
O que eu sou...
A mais perfeita poesia.