ANJO CAÍDO
ANJO CAÍDO (INÊZ CURADO)
Um anjo fugiu do altar da velha igreja
E veio tímido pousar no colo de um poeta...
Pousou... e ali ficou sorvendo seus versos.
Se empanturrando de poesias e sonhos.
Suas asas translúcidas ruflam nervosas no espaço
E seus olhos sonhadores rabiscam luzes no instante!
Mas o poeta sente seu contato leve... leve...
E se levanta bruscamente.
Então o pequeno anjo cai, e caindo chora.
Seu choro cresce molhando os pés inertes do poeta...
E se enrrosca qual trepadeira em suas pernas e alma.
Vai lavando seu corpo, molhando seu coração...
Desse pranto angelical, repleto de luzes e odores sutis.
Então a alma do poeta bebe desse pranto mágico,
E absorve todos os orgasmos...
Compreende todos os sentimentos...
E transmuta em versos e estrofes
O pranto abençoado.
E das mãos do poeta molhado e abençoado,
Vão nascendo os poemas mais alienados, atrevidos... ricos.
A poesia se faz carne e sangue...
E o poeta então é só inspiração!
O anjo? Esse volta ao silêncio dos céus...
Ao silêncio sacro dos altares,
Deixando no ar um perfume de nuvens