ANJO CAÍDO

ANJO CAÍDO (INÊZ CURADO)

Um anjo fugiu do altar da velha igreja

E veio tímido pousar no colo de um poeta...

Pousou... e ali ficou sorvendo seus versos.

Se empanturrando de poesias e sonhos.

Suas asas translúcidas ruflam nervosas no espaço

E seus olhos sonhadores rabiscam luzes no instante!

Mas o poeta sente seu contato leve... leve...

E se levanta bruscamente.

Então o pequeno anjo cai, e caindo chora.

Seu choro cresce molhando os pés inertes do poeta...

E se enrrosca qual trepadeira em suas pernas e alma.

Vai lavando seu corpo, molhando seu coração...

Desse pranto angelical, repleto de luzes e odores sutis.

Então a alma do poeta bebe desse pranto mágico,

E absorve todos os orgasmos...

Compreende todos os sentimentos...

E transmuta em versos e estrofes

O pranto abençoado.

E das mãos do poeta molhado e abençoado,

Vão nascendo os poemas mais alienados, atrevidos... ricos.

A poesia se faz carne e sangue...

E o poeta então é só inspiração!

O anjo? Esse volta ao silêncio dos céus...

Ao silêncio sacro dos altares,

Deixando no ar um perfume de nuvens

INÊZ CURADO
Enviado por INÊZ CURADO em 02/12/2014
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