Sericita ou Gibraltar

Parar para ver a graça das mocinhas

De mãos dadas circulando na praça

Eu ficava.

Em minha SERICITA ainda pacata

Onde havia boiadeiro errante,

Homens de botas de canos longos,

Rastro na poeira da estrada

E eu pensava ser alguém um dia.

Gente do bem, com ares de Gibraltar,

Canto triste ou alegre

Que até hoje me faz recordar.

Namorar era só olhar...

Se tomasse a mão tinha de casar

Ficar era só parar em algum lugar

Casar era para se ter filhos...

A beleza um eterno imaginar...

De ninguém se ouvia clemencia

O povo era verdadeiro

Não havia violência

E solidariedade era um praticar.

A maioria das mortes era por infarto

Não havia cabaré

A paixão era evidente

Dum homem por uma mulher.

Meu olhar era de sofreguidão

Por mim ninguém se apaixonava

Principalmente a mocinha

Cuja beleza eu mais amava...

À noite a lâmpada no poste acendia

Nos bares homens se reuniam

A contar histórias do tempo real.

No balcão o copo de pinga

De sonho se embebiam

Angariando-se a mais valia.

Gravados no fundo do inconsciente

O resplendor da Igreja

O homem na sua peleja

Cuidando de nós todos os dias

VIVA Sericita

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 30/11/2014
Reeditado em 05/02/2023
Código do texto: T5053724
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