VESTIDO DE RENDA
Mulher prendada, mulher rendeira
Que sonha, idealiza, constrói
Molda, corta, alinhava
Que investe, batalha, alcança
Aquela renda francesa de cor púrpura
Trazida de navio até o cais
Para o deleite da costura de Aurora
Preparando para o baile de gala do Clube Alexandrino
A tesoura corta dali e daqui
Na caixinha de costura as linhas, os alfinetes mexem sem parar.
O dedal vai protegendo os dedos das espetadas.
O vestido toma forma
E Aurora experimenta, ensaia um rebolado
Um ajuste, um acerto no comprimento,
Arruma o decote, ajeita a manga
E o vestido vai ficando pronto.
No dia seguinte os últimos acertos.
A noite do Baile chega e lá vai Aurora
Radiante, toda rendada, de cor purpura
Salto sete, bolsinha na mão
Enquanto sua caixinha de costura descansa orgulhosa
E aliviada suspira cheia de emoção.