Rio Amazonas
Vim das neves eternas
Onde nasci pequenino,
Num crescendo vou rugindo
A cobrir todas as terras.
Na descida vou levando
As areias, os barrancos,
O que encontro aonde vou.
Nem raízes, nem galhos nem troncos
Vencem o rio que eu sou.
Mitos e lendas levo comigo
Que acendem a imaginação:
Iara, boto, curupira,
Uirapuru e boitatá,
Histórias de um tempo sem fim.
Serão verdades ou mentiras
Que algum caboclo inventou?
Perguntem ao pajé, ao curumim,
Eles sabem o rio que eu sou.
Sou fonte de vida e de morte
Daqueles que me enfrentam.
Apenas índios e animais
Me conhecem de verdade,
Compreendem meus sinais.
Meu leito desperta a cobiça,
Cobiça gera maldade e horror.
O homem erra e desperdiça
Os bens do rio que eu sou.