São Paulo de breu nos olhos
Quanta coisa, num espaço de tempo curto
Abro meus olhos, vejo a porta se fechar
Sinto sede , fome e frio no quarto
e o seu perfume no ar.
Cobram de mim , e as chances somem
No ônibus não desço no ponto
O sol la fora queima o lombo do homem
e o suor lhe desce o pescoço.
Batom vermelho e um cabelo cuidadoso
Me olha , vira o rosto para rua
Tempos atrás eu teria o esboço
da tua silhueta nua.
Estou na calçada , mirando lojas e senhores
Centro urbano , formigas capitalistas
Latinhas correm dos catadores
e o olhar do dia é pessimista .
Cão amargurado , tanto quanto eu?
Vez ou outra roe um osso
Se lambe, e pede com os olhos breu
sem compactuar com o alvoroço.
São paulo, caos diário, delírios
Gambiarras, mulheres a deus-dará
Vida e morte em seus suicídios
num cariz de gente má.