São Paulo de breu nos olhos

Quanta coisa, num espaço de tempo curto

Abro meus olhos, vejo a porta se fechar

Sinto sede , fome e frio no quarto

e o seu perfume no ar.

Cobram de mim , e as chances somem

No ônibus não desço no ponto

O sol la fora queima o lombo do homem

e o suor lhe desce o pescoço.

Batom vermelho e um cabelo cuidadoso

Me olha , vira o rosto para rua

Tempos atrás eu teria o esboço

da tua silhueta nua.

Estou na calçada , mirando lojas e senhores

Centro urbano , formigas capitalistas

Latinhas correm dos catadores

e o olhar do dia é pessimista .

Cão amargurado , tanto quanto eu?

Vez ou outra roe um osso

Se lambe, e pede com os olhos breu

sem compactuar com o alvoroço.

São paulo, caos diário, delírios

Gambiarras, mulheres a deus-dará

Vida e morte em seus suicídios

num cariz de gente má.

Robert Ramos
Enviado por Robert Ramos em 06/10/2014
Código do texto: T4989198
Classificação de conteúdo: seguro