O PERFUME VINDO DA TERRA

Tamborilando de leve

No vidro de cada janela,

Chora a chuva que cai

Aumentando as águas do mar.

Sobe pelas narinas o forte aroma

Vindo das entranhas da terra

Feito das puras essências

Do céu desfeito em lágrimas.

Descem em cascata as frias gotas

Parecendo cortina de pérolas,

Espalhando-se pelo chão sedento

Sepulcro das recordações.

Depois o vento, no céu cinzento,

Afasta uma nesga do manto

Da atmosfera carregada,

E irrompendo como um filho

Sai um raio quente dourado

Do ventre do sol encarcerado

Na fortaleza de densas nuvens

Para vivificar todas as coisas.

Passou a chuva como passa a vida.

Restou do seu parto um irisado arco,

Profético e efêmero caramanchão

No jardim da natureza.

11/09/05.

(2º lugar no V Festival Nacional da Poesia - na categoria Adulto Regional - realizado pelo Centro Comunitário C. R. Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco- em 25/11/05.)