O IPÊ QUE FLORA
Sou uma mulher dissolvida pela natureza,
e “estou florescendo em todos os ipês”.
Ah! Tempo... tempo... bem vês...
Não me faça voltar ao chão,
ao cinza invernal tão exposto...
Pois é tão lindo ver o ipê que flora
colorindo os cerrados do mês de agosto...
Há tanta aridez pelos caminhos afora,
e esse amarelo só revigora
o sopro da vida, numa natureza que chora...
Olhando o cerrado, há tanta, tanta beleza...
Sobre os galhos bordados em decapê
há tantos sóis buliçando ao vento... à merçê
de tão poucos dias de ilusão...
E então penso agora em mim! Desgosto?
Não... Ando florescendo... E todo meu ser ora,
reverenciando essa alquimia por Deus posto
sob o céu do inverno, e que me implora
a recriar no verso sem demora,
o teu florescer, então, aqui, agora...
(Novamente agosto e nessa época imagino como devem estar lindos os campos que vão para a fazenda de meu pai. Todos amarelos dessas flores . Novamente não os poderei fotografar pois não irei lá nesses dias. Contudo, poeticamente, quero deixar algo escrito que as reverencie, e depois, eu mesmo, considero-me um ipê que flora no inverno. Em versos, claro... De qualquer forma ao mesmo tempo,penso que todos nós florescemos jun to com a natureza. )
( Imagem google- grifo; Carlos Drummond)