VISITAS A BARAÇAL DO CÔA, 2014
Entre o Sabugal e a Guarda
A quatro léguas da fronteira
Baraçal, aldeia afortunada,
Com ampla vista prazenteira.
Terra de gente acolhedora
Sempre pronta a partilhar
Vida rural empreendedora
Muito amiga de festejar.
Quem lá entra, virado a norte,
É acolhido por São Gabriel
Em capela de bom recorte
Saudando o visitante fiel.
Uma aldeia das mais lindas
De fontanário frondoso
Com recinto de boas-vindas
Pra acolhimento amistoso.
Aqui se fazem festejos,
Jogos, merendas frugais
E alimentam-se desejos
Com bailes tradicionais.
Um espaço de diversão
Com alma e iniciativa
Exige uma Associação
Cultural e Desportiva.
No centro da ampla via,
Antiga escola primária,
Tem a Junta de freguesia
Uma actividade diária.
Integrado na arquitectura
Com justo aproveitamento
Há espaço na estrutura
Para apoio e atendimento.
Daqui parte a serventia
Às famílias carenciadas
Neste activo Centro de Dia
Com obras bem ponderadas.
No extremo do povoado
Fica a igreja paroquial
Espaço bem enquadrado
Por torre monumental.
Junto à igreja, convidativo,
Verde parque refrescante
E um complexo desportivo
Para amador praticante.
Mais adiante muito airosa
Antiga escola infantil
Feita agora proveitosa
Casa-museu primaveril.
Em espaço desanuviado
Rodeado de arvoredo
Está o café do povoado
Aberto de manhã cedo.
Ponto de encontro social
Bom lugar de convivência
Minimercado ocasional
Conforme à conveniência.
Do concentrado casario
Salta à vista a habitação
Casas típicas sem desvio
Dos ditames da tradição.
Altas casas solarengas
Rodeadas de pomares
Várias floridas vivendas
Com varandas e bons ares.
Como aldeia que se preza
Nesta região interior
Dá soutos e dá riqueza
E carvalhos de primor.
Há fontenários, há eiras,
Há cultivos e há tapadas,
Há vinhas e há lameiras
E veredas desempenadas.
Mais a norte o campo santo,
Com briosas moradias,
Memoriais de terno encanto
Com mármores e alvenarias.
Há caminhos e há ladeiras
Muitas histórias contadas
Algumas serão verdadeiras
Outras também inventadas.
Baraçal velho faz-se novo,
Em cada ano há melhorias,
E até já nem há estorvo
Para novas tecnologias.
Não esquecemos as Vinhas
Com história de tradição
Tem nichos e tem alminhas
E capela para a devoção.
Aqui, dizem, Baco desceu
Plantou vinhas e pinheirais
E um bom vinho recolheu
Pros divinos comensais.
À distância, do lado sul,
Há uma ermida com valor
Rodeada de céu azul
No sítio de Roque Amador.
A ela, em tempos antigos
Das vizinhas povoações,
Vinham famílias e amigos
Pra cumprirem devoções.
Qual pérola do rio Côa,
Baraçal é tão natural,
Usufruindo fresca e boa
Bela estância fluvial.
Aqui se pescam as trutas,
Nestas águas refrescantes,
Comem-se lanches e frutas
Em convívios retemperantes.
Do povo nada a dizer
É sincero e trabalhador
E tem sempre que fazer
Esteja frio ou calor.
Tem os chãos ao pé da porta
Que cultiva com empenho
E se é longe, não importa,
Usa sempre o mesmo engenho.
Cada dia pela aurora
Tem a ajuda do seu gado
Colhe o pão a vida fora
Não faz contas ao passado.
Acredita no destino
E em Deus tem confiança
E nas horas de desatino
Vai rezando com esperança.
Pela festa do Padroeiro,
Que é São Sebastião,
Anima-se o povo inteiro
Em briosa animação.
Nada por cá é tristonho
Tudo convida a voltar
Neste horizonte de sonho
Que vale a pena recordar.
Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA