O retrato da roça
A casinha de sapê, o chão batido.
Paredes desbotadas de barro caiado
Com esmero o chão varrido
Prateleira de madeira pintada
Batedeira com panelas pretas penduradas
Estante velha roída de cupim
Cama de lastro e colchão de molas: despontadas
No fogão de lenha as cinzas e o aipim
Bule de café amanhecido, choco
Lá fora! Os pássaros acordam os vizinhos
Cantoria matutina orquestrada por pardal
O galo e as galinhas ciscam perto do varal
O Sol irradia seus raios
E os lançam na água do rio
Onde patinhos nadam serenos
O verde enfeita a vida esmaecida
Amanheceu lá na roça!
Cada um em sua lida
Vida desprovida de expectativa
Os dias são sempre uma ciranda
De coisas iguais a fazer
Não há novidade a se esperar
Até as palavras são as mesmas
As conversas são as mesmas
Do sertanejo lá na roça
O desejo que as estações
Sigam o tempo premeditado
Desta feita a roça vinga.
Haverá fartura de pão.
Do contrario a fome ceifará
Vidas