Selvagem

Um olhar desgarrado salta

Indômito e febril; feito égua selvagem;

Das pradarias dos teus sonhos

Para as montanhas medonhas

De todas as minhas cismas.

As tuas colinas, estremecidas;

Os teus vales molhados, entumecidos,

Esperam ansiosos os meus galopes;

Há muito tempo fui adestrado

Para compreender os teus sinais,

Sempre verdinhos em folha;

Para que eu possa passear em paz.

De vento assim, pela clina, pela colina,

Miragem de potro assanhado...

Isso é o que tu és; potranca.

Quando pastas do meu lado,

Como não saber dos teus desejos?

Como que disfarçando os olhares

Por entre os pelos da clina,

Sinto-te a esperar meu relincho,

Derretido assim, sem sossego,

Pareço grama verdinha entre os teus dentes...

Quem será? Há outro animal

Que não pode saber que me queres?

Por que não me olhas direto

Nos olhos, sob um vetor descontraído?

Há um traído e outro atraído?

Enquanto não decifro os teus mistérios

Fico assim, cavalo doido, varrido...

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 24/07/2014
Reeditado em 26/07/2014
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