Selvagem
Um olhar desgarrado salta
Indômito e febril; feito égua selvagem;
Das pradarias dos teus sonhos
Para as montanhas medonhas
De todas as minhas cismas.
As tuas colinas, estremecidas;
Os teus vales molhados, entumecidos,
Esperam ansiosos os meus galopes;
Há muito tempo fui adestrado
Para compreender os teus sinais,
Sempre verdinhos em folha;
Para que eu possa passear em paz.
De vento assim, pela clina, pela colina,
Miragem de potro assanhado...
Isso é o que tu és; potranca.
Quando pastas do meu lado,
Como não saber dos teus desejos?
Como que disfarçando os olhares
Por entre os pelos da clina,
Sinto-te a esperar meu relincho,
Derretido assim, sem sossego,
Pareço grama verdinha entre os teus dentes...
Quem será? Há outro animal
Que não pode saber que me queres?
Por que não me olhas direto
Nos olhos, sob um vetor descontraído?
Há um traído e outro atraído?
Enquanto não decifro os teus mistérios
Fico assim, cavalo doido, varrido...