Mundo Cão...

Num dia, que hoje não é mais como qualquer um outro,

você para e percebe quanto as coisas mudaram.

Os grandes amigos não estão mais tão disponíveis

quanto estavam, e os grandes amores, por fim

estão reunidos em recordações, grampeadas num

velho classificador que você nem olha mais.

E aquela coragem de sair durante à noite,

gritando aos cantos, que é livre,

foi simplesmente reprimida, pelo número

de homicídios que acontecerem no seu bairro.

E você? Cheio de medos, se resume à reuniões

fechadas em condomínios que mais parecem

um presídio terreno, do que o tal "lar doce lar",

que sonhara um dia.

Caminha com pressa, porque andar devagar,

causa tensão, e seu coração angustiados,

pensa na próxima vez que será assaltado,

e sequer pode ter a certeza de sair vivo deste,

que só Deus pode te livrar. Percebe que não existe

mais um olhar de humanidade, e que as pessoas

se resumem a seus celulares - não se falam mais,

não se olham mais, não se tocam mais e aos poucos

perdem a sensibilidade.

E o que fazer agora? Você se pergunta, olhando para

um breu de inseguranças, individualidade e egocentrismos,

corpos perfeitos, cultura zero, mais o aparentar do que ter,

mais o exibir do que o sentir, menos amor e mais ódio,

menos músicas e mais melancolias em melodias piegas,

chulas que pouco falam do quão importante é amor de forma

clichê - sem regras baratas descritas na tal "correta" forma de amar.

E você se vê em meio há uma praça, de cor prata e preta, com

um botão que te levaria para o passado, sem windows, word, excel

e smarts que te tiram o sono, que te tiram as pessoas que não te

aproxima, se não ao seu próprio ego, e a vida perfeita acha que criou.

E refletindo lentamente, você aperta enter e volta a ser feliz. Pra onde

iria? Voltaria ou continuaria? Amaria ou odiaria? Perdoaria ou se vingaria ?Sentiria ou simplesmente exibiria? O que escolheria?