Contemplação

Contemplação

Para onde se inclinam

esses galhos secos?

Aonde irão essas folhas

a rodopiar em infindos bailados?

A velha árvore agoniza

à procura de espaços,

entre sóis e tempestades.

Ainda há frutos.

Para onde caminham meus passos

quando o fim revela novo início

e as paisagens já não são mutantes,

como os meus pensamentos?

Para onde lanço meu olhar

se o que existe são os azuis inalcançáveis,

onde os sonhos são opacos

e o riso disperso pelo vento?

A neblina se prolonga pelo dia.

Uma sensação de abandono

permeia um coração que

ainda insiste em pulsar de amores.

Permito-me ser levado por alguma paixão

que ainda queira me arrebatar,

enquanto navego nesse mar de calmaria

na esperança de algum porto onde atracar.

Aceno aos amigos uma despedida.

Um último poema ensolarado,

enquanto em silêncio rendo-me

a um tempo que me consome.