Contemplando

No cimo dum cume contemplo,

A paisagem enche-me a alma,

O Sol beija o granito do templo,

O vento acorda a seara calma,

Inspiro profundamente a brisa pura,

Deleito-me com os odores doces no ar,

Confundo-me com o Todo que perdura,

A água dos ribeiros anseia pelo mar.

As nuvens esbatem-se nas colinas,

Como um teatro velho de sombras,

As personagens são tão antigas,

Repara bem Deus não te lembras.

Começa a chover cada vez mais,

Os pardais albergam-se onde podem,

As crias desaparecem nos matagais,

Nos rios correntes de água sobem.

O vento esmorece e a noite cai,

A tempestade já lá vai e o sono vem,

A Lua calma resplandecente sai,

E embala-me ao relento num vai vem.

Lx, 25-10-1999

Paulo Gil
Enviado por Paulo Gil em 10/06/2014
Código do texto: T4840220
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