ALEGORIA DAS AVES
Ó aves que dais brilho à Natureza
E sois dela a divina exaltação
Pela vida, sentido e singeleza;
Ó aves de variada dimensão,
De ilimitados traços de beleza
Sois um florido aroma em distinção.
Vós sois irmãs das árvores verdejantes
Que dais a vida aos prados e planícies
E p´ las montanhas voais apaixonantes;
Esvoaçais sobre abismos e imundícies
Na brancura das nuvens tremulantes
Buscando ambicionadas superfícies.
Aves de coloridas vestes reais
Que deixastes os ninhos orgulhosas
E partistes cantando madrigais;
Teceis à luz do sol maravilhosas
Ondulações de brisas naturais
Torneando vossas penas dolorosas.
Vós sois em todo o lado movimento
A esperança da viagem começada
E voltando de novo como o vento;
Irmãs da claridade em madrugada
Pelas horas do dia sois o tempo
Em partitura fina estruturada.
Vós, tímidos pardais das avenidas,
Dos terreiros, das praças e vielas,
Com migalhas perenes e servidas;
Vós, andorinhas, junto das janelas
Bicais a cada hora enlouquecidas
Na aura do meio-dia como estrelas.
Vós rolas, pintassilgos, papagaios,
Melros e rouxinóis ou colibris,
Que cantais dia e noite sem ensaios;
Vós ó pombas e cisnes da lagoa,
Vós, ó pegas, cegonhas que sorris
Desta vida que tendes sempre boa.
Vós, caturras e araras da floresta,
Periquitos e gralhas e canários
Que sempre ambicionais fazer a festa;
Ó patos e pavões de gritos vários
Que quem os tem os ama e não contesta
Por serem sentinelas sem horários.
Vós mochos e corujas e faisões,
Ó corvos e milhafres de respeito
P´ los abutres que odeiam os falcões;
Vós, ó águias reais, que fazeis preito
À excelsa natureza de emoções,
Louvá-la-eis pra sempre com respeito.
Se este horizonte for pra vós louvor
Gritai, piai, cantai vosso direito
Em glória e honra do nobre Criador…
E a vós, humanos seres sem excepção,
Fazei apelo à alma e à razão
Que em vós faz jus, que é: a lei do Amor!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA