Bebedeira

Escrevi meus desabafos com uma dose de conhaque.

Escrevi tudo errado mas fez sentido.

Minha ressaca reside sob a perda de dignidade.

Meu recanto é aqui.

Ninguém me conhece tão bem quanto quem lê o que escrevo.

Porém meu nome é secreto.

Tenho muitas dores.

Carrego muitas magoas.

Não tenho amores.

Sempre ouço mas não falo nada.

Sempre me questionam, e eu sempre manipulo a conversa.

É facil levar um sujeito a fazer o que você quer, diga a ele o que ele quer ouvir.

Não tenho mais o que dizer a não ser que necessito sumir.

Bebidas, e outras saidas não foram suficientes, necessito me manter em outro plano permanentemente e não apenas por algumas horas.

Mais uma dose de conhaque desce pela minha garganta, desce queimando e me aquecendo no pré-inverno que vem por ai acrescentando minha solidão.

Continuo a escrever.

No dia seguinte, minha cabeça não doeu, as lágrimas que cairam ontem se esgotaram.

Elas eram pesadas, mas sinto ainda que me falta algo para expulsar.

Não dói o meu peito como diria os amantes fracassados, dói o meu ego.

Dor maldita.

Estou estirada no chão.

Quieta e cansada.

Agora reside o vazio.

E quem diz que o vazio é o nada?

É algo, algo que tomou conta de mim, um adepto para preenchimento que não irá acontecer.

Pois bem,

lamentarei o resto de vida que me sobra.

Lamentarei em meus escritos, minha voz não tem força pra dizer.

Maçã
Enviado por Maçã em 06/04/2014
Código do texto: T4758689
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