Bebedeira
Escrevi meus desabafos com uma dose de conhaque.
Escrevi tudo errado mas fez sentido.
Minha ressaca reside sob a perda de dignidade.
Meu recanto é aqui.
Ninguém me conhece tão bem quanto quem lê o que escrevo.
Porém meu nome é secreto.
Tenho muitas dores.
Carrego muitas magoas.
Não tenho amores.
Sempre ouço mas não falo nada.
Sempre me questionam, e eu sempre manipulo a conversa.
É facil levar um sujeito a fazer o que você quer, diga a ele o que ele quer ouvir.
Não tenho mais o que dizer a não ser que necessito sumir.
Bebidas, e outras saidas não foram suficientes, necessito me manter em outro plano permanentemente e não apenas por algumas horas.
Mais uma dose de conhaque desce pela minha garganta, desce queimando e me aquecendo no pré-inverno que vem por ai acrescentando minha solidão.
Continuo a escrever.
No dia seguinte, minha cabeça não doeu, as lágrimas que cairam ontem se esgotaram.
Elas eram pesadas, mas sinto ainda que me falta algo para expulsar.
Não dói o meu peito como diria os amantes fracassados, dói o meu ego.
Dor maldita.
Estou estirada no chão.
Quieta e cansada.
Agora reside o vazio.
E quem diz que o vazio é o nada?
É algo, algo que tomou conta de mim, um adepto para preenchimento que não irá acontecer.
Pois bem,
lamentarei o resto de vida que me sobra.
Lamentarei em meus escritos, minha voz não tem força pra dizer.