Garotos de São Paulo
Brincam na luz os garotos de São Paulo
Desfilando corpos. Tecendo coragens
Tragando sonhos ou álcool.
Enevoando ruas.
Vivem na luz todos os garotos
Trajando grandes esperanças e afetos
Anoitecendo janelas
Iluminando portas
Sussurram à luz os garotos de São Paulo
Valsando dores, amores.
Traçando trilhos, pichando muros
Trancando portas, trocando murros
Despertam para a luz todos os garotos
Encharcados em azul neon e tristezas
Emparedados por dentro
Gradeados por fora
Brincam na luz os garotos de São Paulo
Sobreviventes da noite
Dançam pra lua
Vertendo óleos e ácidos
Florescem na luz todos os garotos
Plantados na dúvida. Culpa
Colhidos no inverno. Interno
Engolindo chuvas e cansaços
Envelhecem na luz todos os garotos
Desfalecendo em cinzas e prédios
Fantasiam olhares e pontes
Despedem-se em lágrimas e chumbo.