NÃO CAIBO EM MIM

Às vezes, mais cedo,

de madrugada é assim:

pergunto em segredo

por que não? por que sim?

Eu conto nos dedos,

mas a conta tem fim.

Quais são os meus medos?

Aonde eu vou? De onde eu vim?

Eu brindo ao desgoto

com vodka e gin.

Não tenho este rosto,

não estou tão afim.

Não sou este corpo,

este vaso ruim.

Estou vivo. Estou morto.

Eu não caibo em mim.