BALADA DO ROUXINOL
“Ao príncipe dos cantores”
Eu rouxinol me confesso
Tenho asas para voar
À Natureza agradeço
Este jeito de cantar.
Eu nasci para ser livre
Com este canto jucundo
Este dom que sempre tive
Faz alegrar todo o mundo.
Sou pássaro e não o nego
Outra roupagem tivera
Sou feliz e quando chego
Chega logo a primavera.
Cada ave tem seu canto
Eu gosto de apreciar
Todos se vergam de espanto
Quando me ouvem cantar.
Prezo muito a liberdade
Do meu modo de viver
Esta vida é qualidade
Que dá saúde e prazer.
Às vezes me acorrentam
Numa casa, numa gaiola,
Se há aves qu´ o aguentam
Eu não sou dessa bitola.
Passo a vida a cirandar
Gosto que gostem de mim
Não me quero agrilhoar
Como escravo até ao fim.
Mantenho sempre a distância
Tenho um voo selectivo
Odeio qualquer mercância
Muito menos ser cativo.
Quando me falta alimento
A ninguém vou exigir
Deixo-me ir com o vento
Pra doce lar construir.
Também sou apaixonado
A Natureza é madrinha
Tenho amiga, tenho um fado,
E um canto que acarinha.
Há sempre um ramo perdido
Numa árvore de esperança
Sinto-me bem protegido
Nesta aragem que balança.
Canto meu, vida discreta,
Gosto de ser como sou
Sou pássaro, sou poeta,
Um poema m´ enfeitiçou!
Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA