MADONA DO RECIFE
Revolucionária foi a rosa, nasceu no asfalto.
Flor - mulher abandonada, em sua loucura.
Sonha, a rainha, cercada de súditos.
Cães fiéis protegem a elegância muda.
Vestida de trópico, exibe a pele úmida.
O aroma das ruas não altera sua respiração.
Perfume dos zumbis da metrópole
no mormaço das tardes de verão.
A cidade acolhe a realeza com capricho.
Ruas de Barões e Princesas perpetuam a miséria.
Escravos do concreto abstrato das relações perdidas.
Quando a poesia nasce, a flor morre desfigurada
pela ausência do ser.
Recife, fevereiro de 2014