ENTARDECER CABOCLO

No entardecer da cidade,

vai me dando uma saudade

do mato cheirando forte,

do nhambú levantando vôo,

do garanhão assustado,

do galinho carijó.

No entardecer da cidade

me sinto ainda mais só.

No meu rádio soa triste

uma canção sertaneja.

No meu peito ainda existe

uma codorna piando,

uma ovelha desgarrada,

um colono trabalhando.

No entardecer da cidade,

não sinto felicidade,

nem acabo me acostumando.

Quando chega a primeira estrela

é tão difícil pra vê-la

tanto frio...tanta fumaça...

e essa saudade não passa.

Lá dentro da minha alma

eu lembro uma noite calma

o céu coalhado de estrelas.

Eu lembro a lua bem cheia

clareando toda a roça,

os campos e as palhoças

brilhando como prataria.

Meu Deus, Quanta poesia

o entardecer caboclo encerra.

A noite vem beijando a terra

abraçando devagarinho...

Sossegam os passarinhos

que a gente carrega no coração.

O vento canta uma canção

e quando finalmente escurece

e quase adormece a terra,

a brisa diz uma prece

ajoelhada ao pé da serra.

INTERAÇÃO

(STELO QUEIROGA)

Versos com cheiro de alma!

Qual da roça brisa calma!

Refletindo aqui a sós!

É muita ingratidão nossa!

A gente até larga a roça...

Mas ela não larga nós!!!

(ALEIXENKO)

Nasci e fui criado

Numa fazenda de gado

No interior do estado.

Na cidade me sinto deslocado.

Lá no meu lindo rincão

Eu tinha um pedaço de chão

Onde eu era meu patrão.

Na cidade eu sou peão.

Como era lindo o entardecer

Os animais se punham a correr

As mulheres cantavam para entreter.

Na cidade, de medo, me vejo a tremer!

Yeyé Braga
Enviado por Yeyé Braga em 31/01/2014
Reeditado em 03/07/2014
Código do texto: T4671733
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