Crepúsculo

Crepúsculo

Quando nos alpendres da alma

as sombras da noite permearem

teus pensamentos,

deixa que uma estrela desça

até o teu colo e te conte uma história.

Se o sol esconder-se entre nuvens,

tornando o teu dia acinzentado,

retorna ao teu macio leito

envolve-te com tuas cobertas

e aguarda novos sóis convidativos.

Se tua face já não revelar sorrisos

e as marcas do tempo estiverem expostas,

espera que as flores adornem teus caminhos,

derramem-se em cascatas de sonhos

em renovadas primaveras.

Se a tua visão já não alcança as cores

revelando tua vida em preto e branco,

permita que teus olhos da alma

descubram o que precisa ser visto

trazendo-te as imagens de que tanto necessitas.

Se a solidão encostar em tuas soleiras,

convida-a a entrar e fazer-te companhia.

Verás que há outros inimigos:

a sonolência de uma tarde que se alonga

e um amanhecer que não se anuncia.

Se ventos fortes açoitarem tuas entranhas,

reabrindo feridas que pareciam cicatrizadas,

espera a chegada da mansa brisa da manhã,

que como suave unguento restaurador,

trará de volta alívio às tuas dores.

Mas se a angústia vier atormentar-te

e com seus melancólicos sons te aturdirem,

entoa um cântico de vitória,

procura refugio em um Deus

que te console.

Não temas o silêncio nem o fechar dos olhos.

Há uma nova Jerusalém a tua espera,

com suas ruas de ouro e pedras preciosas,

o esplendor de uma luz que nunca se apaga

e um trono que se eterniza.