ANGELUS
"Tênue tecido alaranjado passando em
fundo preto da noite à luz."
(Guimarães Rosa)
O Sol, sonolento, esconde-se no poente,
E puxa o negro lençol da noite,
Neste sagrado e único momento.
Tudo cessa, tudo é calma, tudo é paz
Bendito silencio amortece a vida,
Recolhimento, contrição... é o Angelus!
Que chega, aveludado, como cetim.
De violeta cobre-se a paisagem,
Fundem-se as sombras e se diluem...
Como em amável contraponto,
Plange, lamentoso, um sino na campina,
Na universal beleza desse instante,
Fica o homem, mesmo sem sentir,
Na mais completa comunhão com Deus!
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(dedicado aos inspirados poetas e poetisas do Recanto das Letras)