LEMBRANÇAS CARIOCAS

LEMBRANÇAS CARIOCAS

Saudades, de um Rio antigo,

Final do século dezenove,

Do tempo dos lampiões,

Das carruagens, e seus cavalos,

Dos bondes, puxados a burro,

Das embarcações a vapor,

Das estradas de paralelepípedo,

Dos belos canteiros de flores,

Espalhadas em múltiplas cores,

Das árvores frondosas, espalhadas

Pelas alamedas largas e tranquilas,

De uma cidade, não tão repleta,

De pessoas, acotoveladas nas ruas.

Do tempo dos cavalheiros, atenciosos,

E das damas charmosas, elegantes,

Dos cavaleiros andantes,

Dos casais apaixonados,

Das serenatas, na madrugada,

Da união das famílias,

Das ideias mais bonitas,

Do guarda-noturno,

Do pregão diurno,

Do Rio sem ladrões nem assassinos,

Da vida humana valorizada,

De quando os colégios ensinavam,

Sem a necessidade de tantas regras,

Das pessoas bem vestidas,

Do bom gosto preponderante,

Do verde bem mais presente,

Das avenidas cheias de casas,

Do lanche na Colombo,

Das chácaras, ao longo da cidade,

Dos morros sem miséria,

Sem crianças de rua,

Com crianças na rua,

Brincando felizes

De um Rio mais bucólico,

Muito mais belo que hoje,

Que o tempo carregou,

Mas que eu gostaria de rever...

RAY SCOTT, JUNHO DE 1994