FINO PEDAÇO DE TEMPO

Do tempo, um fino pedaço

Nesse grande chão do viver

Parece até curto o espaço

Entre a noite e o amanhecer

Mas enquanto dormem as ovelhas

O movimento continua

No luminar das estrelas,

Na brisa e no clarear da Lua

Na intensa vida nas asas

Que cortam a noite no céu

Que compõem um vasto cenário

Impresso sob um vivo e amplo véu

Nas entrelinhas das imagens

Espalhado sem falta nem sobra

O puro e sereno orvalho

As flores, folhagens renova

No sopro leve de vento

Nas gotas de luz repousadas

No brilho intenso que reflete

A face das folhas molhadas

A primeira estrela que destaca

Num belo tom de dourado

Os fios que formam o dia,

Tecido de aurora bordado

Nos primos raios de Sol

Anúncio da manhã que desperta

Aquarelas das cores que pintam

As flores que foram abertas

Nas aves que em pios entoam

Em ritmo leve e juvenil

Processam uma obra inédita

E musicam o céu anil

Um dia de Sol diferente,

Com nuvens e cores exclusivas

Aos animais, mais um dia,

Para que a densa pastagem lhe sirva

Sem saber do simples propósito

Entre o escuro e o claro atual

As ovelhas hão de despertar

Para entender o sentido real

Que o fino pedaço de tempo

Sem sombra, nem dualidade

É contínuo e presente momento,

Notícias da Eternidade

27/12/10