Porque quis calar-me esta voz do vento,
que em rajadas sufocantes e dedos gelados,
alheio aos meus pensamentos,
tudo que pôde levou ?
Pelas planícies e vales, caminhos que ele bem conhece,
seguiu depois triunfante, em silvos desafinados, sem pausas,
tirou de mim os perfumes, as pétalas das flores arrastou,
em redemoinhos levantou o pó das estradas,
secando a boca dos viajantes,
deixou marcas nos lugares por onde passou,
porém de nada adiantou tanta fúria,
é apenas vento passageiro e sem destino,
desesperado, querendo ser brisa,
me feriu de leve, alguma lágrima provocou,
mas deixou mais forte
a poesia que de minh'alma
dormitava suavemente,
e como minguada cascata que era
agora renasceu,
e pelas encostas
deslizou
N. Marilda
Era assim a primavera , antes do vendaval
Ficou assim, destruída.