DESLUMBRAMENTO

Naquela madrugada, ao nascer, fiquei deslumbrado,

Ao conhecer meus pais e meus irmãos, meu sangue,

Fui-me deslumbrando, obsecado, enquanto crescia,

Com as descobertas q'eu surpreendido, ainda fazia.

Deslumbrei-me com os meus amigos, com a escola,

Com as garotas, com as brincadeiras, com a vida,

Mais deslumbrado fiquei com as bonitas mulheres

Que me gabavam os meus olhos, meus temeres.

Nunca perdi o deslumbramento, nunca o deixei,

Faz parte de mim, alimenta a alma e o meu ego,

Deslumbro-me agora com a poesia e os poetas,

Fico muito magoado com as críticas tão severas.

O deslumbramento tem-me dado muitos desgostos,

Momentos fictícios e reais que eu tenho de viver,

Impostos por pessoas sem escrúpulos, novelas

Que interpreto e passo ao papel, p'ralguém ler.

É com o deslumbramento que nasce muita poesia,

Também morre muita fantasia, preço da realidade,

A minha vida é o que vivi e gostaria ainda de viver,

Que já não terei tempo de usufruir antes de morrer.

Ruy Serrano, 25.08.2013

Ruy Serrano
Enviado por Ruy Serrano em 25/08/2013
Reeditado em 25/08/2013
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