A DERIVA
A singrar, sempre a singrar
Na deriva, sem arrebol
Mas importa então, remar
Até que desponte o sol
Na imensidão do Mar
Das ondas faço lençol.
Tão pequenino batel
Me abriga em mar revolto
A imensidão do céu
Eu contemplo, absorto
Emaranhado aranzel
Que escrevo, quase louco...
Gargalhadas estupendas
De espectros medonhos
Sobem das rochas, nas fendas
Antropofágicos sonhos
Me consumindo as contendas
Com seus sorrisos bisonhos.
Sus correi, ó peregrino
Conclama a Dama deitada
Com seu sorriso ferino
Em nuvens refestelada
Tecendo em renda, o destino
Com bilros de esmeralda.
Retumbam ondas etéreas
Como a me submergir
Ecoando, deletérias
O oráculo do porvir
Revelando as misérias
Que nos querem consumir.
Thomas Saldanha.