A DERIVA

A singrar, sempre a singrar

Na deriva, sem arrebol

Mas importa então, remar

Até que desponte o sol

Na imensidão do Mar

Das ondas faço lençol.

Tão pequenino batel

Me abriga em mar revolto

A imensidão do céu

Eu contemplo, absorto

Emaranhado aranzel

Que escrevo, quase louco...

Gargalhadas estupendas

De espectros medonhos

Sobem das rochas, nas fendas

Antropofágicos sonhos

Me consumindo as contendas

Com seus sorrisos bisonhos.

Sus correi, ó peregrino

Conclama a Dama deitada

Com seu sorriso ferino

Em nuvens refestelada

Tecendo em renda, o destino

Com bilros de esmeralda.

Retumbam ondas etéreas

Como a me submergir

Ecoando, deletérias

O oráculo do porvir

Revelando as misérias

Que nos querem consumir.

Thomas Saldanha.

Thomas Saldanha
Enviado por Thomas Saldanha em 02/08/2013
Código do texto: T4415714
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