A FIGUEIRA CENTENÁRIA:
A FIGUEIRA CENTENÁRIA:
Sua sombra acolhedora era um convite aos namorados,
No verão escaldante, servia de abrigo aos viajantes cansados das longas jornadas,
Os pássaros que acolhia, davam o tom das melodias com seu trinar,
Naquele bucólico lugar, destacava-se por sua natural imponência,
Juras de amores sob seus galhos e folhas foram trocadas,
Em seu tronco mensagens, falavam de saudades e esperanças,
Seu fruto adocicado a muitos alimentara,
Sozinha, na imensidão dos Pampas,
Era referencia a marcar distancias,
O Gaúcho campeador, a via como um farol em terra firme,
Ao seu redor descansava a tropa,
Sob seu verdejante manto, o churrasco assava,
O carreteiro era preparado,
Os causos eram contados, enquanto o chimarrão era sorvido,
Por ela passaram animais e homens,
Gerações se sucederam,
Ela ali firme, a enfrentar os ventos fortes do sul,
Nas longas invernadas,
Nas noites de lua cheia, o clarão da lua,
Refletia imagens, fantasmagóricas,
A assustar o passante noturno,
Pouso e abrigo das corujas,
Nas noites de tempestades,
Velha figueira, das minhas lembranças,
Quem sabe um dia eu volte ai,
Para rever os campos floridos da primavera,
Ou no outono para ver o bailar das folhas secas tocadas pela brisa da manhã,
Ouvir o quero- quero a gritar,
O sabiá, o bem-te-vi, o azulão, com seus trinados,
Ver os rebanhos de ovelhas a passar ao longe, como nuvem brancas,
Sobre o verde das campinas,
Ouvir o berrante do Gaúcho, a tocar o gado,
Recordar de Amália, a prenda dos meus primeiros beijos,
Que o tempo separou,
Que outros caminhos trilhou,
De nossa historia, apenas ficou,
Aquela figueira frondosa nas minhas lembranças,
De agora.
Valmirolino.