PRA ONDE VOU VOVÔ

Cada um tem seu sertão;

Cada criatura na terra tem sua expiação.

Quão misteriosa és tu reencarnação!

Obra do divino Olorum.

Hoje vejo Ogun diante de meus olhos.

Ogun cravou o sabre na terra e dela saiu sangue;

Sim, sangue de gente, gente que sente – uma alma encarnada.

Se hoje choro, certamente, hei de sorrir amanhã.

Veja que maravilha!

Os meninos; os erês chegaram de Aruanda!

Chora babá! Chora o preconceito de teu povo!

Exu não pediu ebó; não sei o porquê!

Então não terá dó de quem fica para trás.

Essa é a lei do carma.

Ele é de ouro refinado; a Justiça do divino Mestre é sua arma.

Ah, sertão! Tu és uma escola viva de lições mil.

Vejo-te em todos os lugares do mundo; do Brasil.

Levo-te comigo, pois, enraizado fostes como as raízes da jurema na minha carne.

Carne de gente, e gente que sente; que pressente; e, finalmente, entende.

Será que tua hora chegou?

É tempo de uma nova aurora babalaô!

Pega teu Ifá e desce aos beiços das águas!

Lá encontrarás Oxum de braços abertos.

Teu semblante se tornará a ser sanção e veto ou quem sabe, um sim no fim do túnel de uma alma aflita.

Saudades dos rostos de meninos e meninas; giz de cal na parede fria no pé de serra.

Mas, tua mãe; a tua amiga te abriga.

É o fim de toda quizila; quiçá da intriga.

Essa é uma cobra que pica as mentes em todo país.

Umbanda é coisa nossa; é Brasil!

Meu Preto Velho não falha e nem se atrapalha.

“Fio vá para mais longe!”

Pra onde vovô?

“Siga teu coração, é lá onde te aguardo!”

Então abraço o meu sagrado e me visto de branco; mas, não sou doutor.

Sou mestre de pemba, rezador da jurema, sou um babalaô!

E você meu amor?

Saudades!

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 20/07/2013
Reeditado em 20/07/2013
Código do texto: T4395697
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