Paisagem Ortografada

Toda a graça efêmera de um dia, aflora no peito feraz

O desejo complacente de ver a beleza passar,

Quando os dedos rosados da aurora crepitam nas águas,

A luz chora nos poros da Terra, ferve e bombeia o coração

Espalhando artérias tropicais que jorram cascatas de prata,

Tapetes marítimos desenrolam nas orlas douradas,

Horizontes são bordados em relevos verdes,

Perfumes são criados com o amplexo dos ventos,

Desenhos alvos e volúveis são pintados no teto azul,

Árvores pulverizam o ar com o canto dos pássaros

Embalando as copas com melodias e harmonias

Na cadência branda que nascem as flores;

Nessa beleza está enclausurada uma tristeza;

A condição única da natureza traz o martírio

Do fim e a graça da fugacidade entrelaçadas,

Tornando cada dia uma pintura única

Exposta na galeria do coração dos contemplativos mortais,

Coração que bombeia o carma e dádiva da mesma condição.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 14/07/2013
Reeditado em 24/07/2013
Código do texto: T4386304
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