Lascívia

Anoiteço em minha pouca idade.

Alumio meus olhos.

Desnudo-me.

Faço de meu corpo

meu alimento.

Sinto meu gosto entre

o anelar e o médio.

Salivo-me.

Deslizo para meus bicos endurecidos.

Aperto com rigidez o cansaço de minhas pernas.

Paro com tudo: Fumo um cigarro.

Sinto o sabor do vento pelos poros.

Tomo alguns goles de vinho.

Sonho, alucino.

Vejo-me em regalo em próprios braços.

Pertenço a mim mesma

e não pertenço a coisa alguma.

Sou um bocado de ar

e morro a cada suspiro.

Lélia Borgo
Enviado por Lélia Borgo em 14/07/2013
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