O MATUTO
A lenha queima lentamente
é o café a fervilhar...
labaredas ardem sobre as panelas
enquanto acomodado em um tamborete
o matuto dobra as calças ate a canela.
Seu caminhar é ate o curral
laça a perna da Mimosa
o tamborete lhe apoia o assento
extrai o leite que cai ao balde
espumante,morno,vai alimentar o seu rebento.
A lida não para.
É o apartar das reses
que muitas das vezes
dispersam para a invernada
em uma corrida desenfreada.
O sol quase se pondo
sobre uma gamela d`água quente
repousa os seus pés cansados
pensando na próxima nascente
da labuta que sera enfrentado.
O galo canta no poleiro
anunciando as horas seis
enfia seu pés na botina mateira
de um pulo já esta na cozinha
ajeitando a matula que é bem caseira.
Ajeita sobre o arreio
cutuca a costela da sua égua
segue o trieiro com latões de leite
é uma luta sem trégua
não tem tempo à deleites.
Entrega seu leite em uma corrutela
passa na venda de Seu Mané
pega um litro de querosene
um pedaço de fumo
é a alegria daquele ser perene.
Volta a sua labuta
a diária é constante
porem, é o alimento da sua alma
agradece a Deus pelas dádivas
das coisas que lhes são abundantes.
Ajoelha aos pés de N.S.Aparecida
reza a sua Ave Maria
finda com o nome do Pai
agradece a Romaria
onde caminha todos os anos
com fé e galhardia.