A ARCA
A ARCA
(Sócrates Di Lama)
O principio era Eu,
E eu era o novo,
E nesse novo se fez ela,
E enfim, fomos nós.
Construí minha ARCA,
Que se fez nossa.
E toda espécie de sentimentos,
Colocamos nela,
Aos pares...
E rumamos mar adentro.
E nesse tempo novo,
Tudo se fez belo,
Harmônico,
Precioso...
Ali os sentimentos cresceram,
Compartilharam,
Viveram em amor perene,
Sereno,
Moreno....
Mas, a sombra do passado,
Fez-se nuvem negra,
E rondou nossas cabeças.
Tirou nossas luzes,
Escureceu nossa vida...
E assim,
Após algum tempo de viagem,
Embusca do real,
Rumo ao primeiro ato em terra firme,
Vieram as tempestades,
Maremotos,
E numa manhã pressentida,
Depois de uma noite solitária
tenebrosa e fria,
Cálida,
Pálida,
Feita a agonia...
Fez a manhã aborrecida,
E triste a poesia.
Um presságio,
Premonição,
Já se sabia ao amanhecer o dia.
A cabeça doía,
E o peito sentia.
E ao olhar a janela entre aberta,
Como certa,
A pousar á janela,
A ave negra,
Como um corvo,
Sem ramo no bico,
Mas a mensagem finita,
Que não havia mais terra firme,
Nem horizontes para a Arca,
Que se perdeu por engano, no mar negro,
das sombras de um passado sem volta.
A o descer dos sonhos,
A aportou-se em almas
R evelações de um novo mundo,
C onstruído com ternura
A mor de sublimação.