Velho Orvalho
Piedosamente escondo-me
como velho orvalho
casmurro no meu morno
canto seguro.
Pasmada e imóvel,
aquieto o coração,
pedra da alma.
Ouço apenas o
leve pulsar da
vida em mim mesma,
metamorfose emocional.
Sussurro silenciosamente
oprimidos gritos de
enfadonhos desalentos,
indecoroso vômito
sufocante.
Toco-me sutilmente
em minhas míseras
conformidades,
diarréia de
vil decência.
Enojada cuspo
deliberadamente todos
os vírus das
injuriosas culpas.
Metamorfoseada abro
minhas minhas asas
e saio a cantar
uma nova vida.