Sopro
O vento que passa por minha cidade
passa triste, porém forte.
Bate nos finos cabelos de moças desavisadas.
Levanta sais.
Esmurra cortinas.
Pede abrigo.
Sopra em um ouvido quente
todos devaneios e desamores do mundo.
Pede um pouco de paz.
Reclama de suas desgraças.
Um anjo torto de boca aberta fecha dizendo Amém.
Concordando assim com todas as palavras doentes
de um vento que por descuido resolveu nascer.