passarinheiro

O Mário nunca viu passarinho Morto

Claro, ele não andou no mato;

É poeta em potência, mas não em ato;

Poeta de pensamento concreto

E de coração abstrato.

Nunca viu passarinho morto?

Passeie no horto, no templo torto,

Nas horas mortas de terror insano

Do passarinheiro louco;

Lá onde os voos param sem querer;

Onde ninguém vê para onde vão;

Onde é só olhar para o chão

E ver os restos mortais das criaturas aladas.

Lá não existe passarinho nato,

Só se vê pássaros de fato, de mato;

Uns comem ervas, grãos, outros rato.

São solúveis em terra e vermes,

Mas sempre no anonimato.

O que há de eterno nestes seres

São as enormes asas da imaginação humana.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 24/06/2013
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