passarinheiro
O Mário nunca viu passarinho Morto
Claro, ele não andou no mato;
É poeta em potência, mas não em ato;
Poeta de pensamento concreto
E de coração abstrato.
Nunca viu passarinho morto?
Passeie no horto, no templo torto,
Nas horas mortas de terror insano
Do passarinheiro louco;
Lá onde os voos param sem querer;
Onde ninguém vê para onde vão;
Onde é só olhar para o chão
E ver os restos mortais das criaturas aladas.
Lá não existe passarinho nato,
Só se vê pássaros de fato, de mato;
Uns comem ervas, grãos, outros rato.
São solúveis em terra e vermes,
Mas sempre no anonimato.
O que há de eterno nestes seres
São as enormes asas da imaginação humana.